Ambientalista percorre o São Francisco a remo para denunciar a degradação do rio
Uma viagem solitária, à remo, da nascente à foz do rio São Francisco. A idéia pode parecer perigosa e a jornada cansativa, mas é a aventura que o canoísta João Carlos Figueiredo iniciou desde o dia 17 de setembro e que já o fez percorrer, a remo, mais de 1350 km pelo “Velho Chico”.
Já tendo passado pelo Alto São Francisco no estado de Minas Gerais e entrando já na região do sub-médio São Francisco, na Bahia, João Carlos iniciou a viagem com o objetivo de chamar a atenção das populações ribeirinhas e dos governos e autoridades brasileiras para os problemas que o rio São Francisco têm enfrentado, como o assoreamento, o despejamento de esgotos diretamente na calha do rio, entre outros. “Resolvi fazer essa viagem porque essa é a bacia hidrográfica, completamente brasileira, mais importante do país e que infelizmente tem sofrido sérios problemas ambientais”, constata.
Morador de Ribeirão Preto, cidade no interior de São Paulo, há 10 anos a preocupação com o meio ambiente começou a se tornar mais urgente na vida de João Carlos. Após passar 35 anos da sua vida trabalhando com informática, a aposentadoria representou uma mudança na sua rotina, mas também a oportunidade de rever as suas prioridades e de dedicar mais tempo às questões que realmente o comoviam. Uma delas é o meio ambiente.
“Trabalho com a natureza há 10 anos. Sempre me interessei por esse assunto, mas o que mais me incentivou a fazer essa viagem foi constatar que quando se trata de meio ambiente no Brasil, pensam logo na Amazônia e pouco falam sobre o rio São Francisco”, critica.
A preparação para a viagem começou há algum tempo. Livros e pesquisas para conhecer o rio. Mapas e a escolha das cidades a serem visitadas, 42 no total. Para financiar a sua excursão, João Carlos fez contatos frustrados com empresas e prefeituras ribeirinhas para apresentar o projeto e conseguir patrocínio. As recusas o fizeram adiar a excursão e interrompê-la uma vez. A sua primeira tentativa foi suspensa em junho desse ano, ainda no estado de Minas Gerais. Na época, a descida de uma corredeira danificara a sua embarcação, uma canoa canadense. Apesar das dificuldades, isso não foi motivo suficiente para fazê-lo desistir. A segunda viagem teve início em setembro e tem prosseguido desde então.
Acampando às margens do rio, João tem se alimentado com os 60 kg de comida que carrega, o que inclui refeições desidratadas, leite e achocolatado. A vara de pescar também ajuda a conseguir o peixe de cada dia. A solidariedade das populações ribeirinhas é uma outra fonte para obter alimento e estadia.
O encontro com o “Velho Chico” e as populações que nele vivem tem sido uma experiência única para o ambientalista e está sendo narrada no blog “Meu Velho Chico”, que é atualizado por João Carlos sempre que possível. Ao fim da viagem, ele pretende escrever um livro contando a aventura que tem vivido. Atualmente ele está em Juazeiro (BA)
O blog “Meu Velho Chico” traz informações muito detalhadas sobre o cotidiano e cultura das comunidades ribeirinhas, além de um apanhado de noticias de cunho ambiental e também uma grande coleção de vídeos de entrevistas com personalidades e politicosengajadas na luta contra a transposição do rio São Francisco e preocupadas com a situação de preservação do rio.
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