sábado, 9 de outubro de 2010

Descrição do quadro Físico do Rio São Francisco

Uma das principais funções desse Blog é divulgar e conscientizar a informação acerca de um objeto de estudo relacionado à temática Gestão de Recursos Hídricos, nosso alvo é o Rio São Francisco, ou Opará  como é conhecido regionalmente. Entretanto entendemos que toda a informação vinculada deve estar estritamente ligada aos sabares científicos, pois se tratando de um trabalho acadêmico é fundamental o conhecimento técnico e teórico acerca de nosso objeto de estudo. Assim para efeito de uma análise sólida trataremos a seguir de uma serie de informações sobre as características físicas do Opará como Geologia, Geomorfologia, Solos e Climatologia, para que ao lermos e discutirmos as reportagens que aqui traremos, possamos não apenas entender  com propriedade importantes questões, relacionadas  a transposição do rio, instalações de hidroelétricas, transporte hidroviário, gestão do curso hídrico,  e etc, mas como principalmente desenvolver o senso critico próprio.
O Rio São Francisco estende-se por 2,830 Km desde sua nascente, a 1200 metros de altitude em são Roque de Minas na Serra da Canastra em Minas Gerais, onde 37% da área da bacia esta instalada,  atravessa a Bahia, fazendo divida ao norte com Pernambuco e traçando a divisa natural com Sergipe e Alagoas. Desaguando no Oceano Atlântico, a área da bacia corresponde a 641 000 km². são ao todo 5 estados banhados pelo rio, que recebe 90 afluentes pela margem direita e 78 afluentes pela margem esquerda, sendo que do total de 168 afluentes, 99 delas são perenes. Os principais afluentes são o Rio Paraopeba, Rio Abaeté, Rio das Velhas, Rio Jequitaí, Rio Paracatu, Rio Urucuia, Rio Verde Grande, Rio Carinhanha, Rio Corrente e Rio Grande. Com uma declividade media de 8,8 cm/Km e media de Vazão na Foz de 2,943 m³/s
Os trechos navegáveis se encontram principalmente entre o médio e baixo curso. Os maiores trechos navegáveis com cerca de 1371 km de extensão estende-se entre Pirapora  (MH) e Juazeiro(BA)/ Petrolina (PE), onde são transportado mercadorias como cimentis, sal açúcar, soja, manufaturas, madeira e principalmente gpsita, além do transporte de turistas em embarcações normalmente equipadas com caldeiras e lenhas.

Geologia
A formação Urucuia ou Itapecuru, contemporânea ao Cretáceo Superios, abrange a maior parte da área, compreendendo a chapada que constitui o divisor de águas entre as Bacias do Tocantins, São Francisco e Parnaíba. È constituída quase exclusivamente por arenito de cores diversas, predominantemente o cinza, o róseo e o vermelho; é fina, de cimento argiloso ou silicoso, por vezes com estratificação cruzada, indicando alternância de períodos climativos influindo diferencialmente sobre a deposição de arenito.. Ocorrem nos arenitos concreções silicosas esparsas, assim como intercalações irregulares de conglomerados. Intercalam-se leitos de siltitos e/ou folhetos cinza-esverdeados e avermelhados. O contato inferior é discordante e parece ser feito com Grupo Bambuí (Cretáceo).
No Cambriano Superior no Grupo Bambuí notam-se duas fácies distintas: uma preferencial de calcário e outra clástico. O calcário é pouco metamórfico, de coloração normalmente cinza-escura e preta, de granulação fina, algumas vezes média, estratificação em bancos. O fácies clástico consiste de arenitos de granulação variada por vezes conglomeráticos, com intercalações de siltitos, argilitos e ardósias. Estas rochas por vezes estão recobertas por material retrabalhado de natureza variada.
Formação arenítica aflorada após diminuição do nível do Rio São Francisco


Geomorfologia

Com base nas variedades de ordem endógena estruturais e diversidades de formas topográficas, fruto de atividades exógenas, principalmente climáticas, foram distintas as seguintes unidades geomorfológicas na área de estudo.
Terraços Aluviais instalados às margens do Rio São Francisco e alguns de seus afluentes, cujo material, principalmente arenoso da formação Urucuia, é de origem colúvio-aluvial e de deposição recente (Holoceno). São terrenos planos onde podem ocorrer microrrelevos possuindo 350 a 400 m de variação altimétrica.
Cânion esculpido pela ação modeladora do rio São Francisco 
Planalto Ocidental ocupa praticamente a metade de toda a área, onde se destacan-ses três aspectos:
Plataforma aplainada - representa o grande núcleo elevado (Espigão Mestre) com relevo predominantemente plano, compreendendo altitudes de 700 a 900 m.
Baixadas - constituem áreas rebaixadas com altitudes entre 450 e 700 m, em forma de calhas suaves que recortam o planalto do Espigão Mestre.
Encostas de Planaltos - abrange as superfícies irregulares, por vezes bastante erodidas, que fazem parte do contorno do Planalto nos seus limites orientais, ou penetrando um pouco pelos seus vales. O relevo nessas áreas é bastante variável, ocorrendo desde escarpas muito íngrimes até áreas suavemente onduladas, onduladas e forte onduladas. Suas altitudes oscilam entre 500 e 700 m.
A Planície Orientalconsiste em uma grande superfície aplainada, compreendida entre a frente oriental do Planalto Ocidental e o Rio São Francisco. O relevo nessas áreas é predominantemente plano com algumas partes suaves onduladas. Compreende desde o sopé do Planalto até o conjunto das serras do Boqueirão, Muquém, Ponta do Morro e o Rio São Francisco. Com variação altimétrica de 400 aos 600 m.
Planícies e Pediplanos Setentrionais considerada a área mais estreita que se estende para o norte, abrangendo o que se pode chamar de uma planície irregular intermontana com setores pediplanados, situando-se entre as serras que limitam a Planície Oriental e os limites da área de estudo.
Serras e Incelbergs constituem os maciços residuais elevados, com encostas ora mais, ora menos íngremes, apresentando relevo que varia de predominantemente ondulado a montanhoso. No entanto, podem ser encontradas superfícies aplainadas, no topo de alguma serra. Suas altitudes variam de 500 a 800 m.
  
Ao Holoceno são referidas as formações sedimentares mais recentes, destacando-se os depósitos fluviais (aluviões) e coluviais. São constituídas por sedimentos não consolidados cuja natureza e granulometria é muito variada. Ocorrem em faixa estreita e descontínua ao longo do Rio São Francisco e de alguns de seus afluentes. Os sedimentos que constituem os aluviões do Rio São Francisco são de natureza, granulometria e composição heterogêneas, sendo encontrados sedimentos argilosos, siltosos, argilo-siltosos e arenosos. Nas áreas que constituem as veredas dos afluentes do São Francisco, os sedimentos são predominantemente arenoso-argilosos com grande contribuição de deposições orgânicas.
No Quaternário as Formação Vazantes são constituídas de areias com cascalhos e intercalações argilosas. A deposição em grandes áreas, graças ao abaixamento resultante de movimentos regionais, produziram uma grande planície de inundação. O Rio São Francisco atualmente disseca esses sedimentos que se encontram elevados em relação às suas margens. Este manto de sedimento, responsável em boa parte pela origem de solos de fertilidade média a alta na área estudada, normalmente recobre parte das áreas de ocorrência de outros materiais do Grupo Bambuí e do Pré-Cabriano Indiviso, entre outros. A espessura deste recobrimento é muito variada, porém não ultrapassando 10 metros.

Clima
Esta região possui duas estações climáticas bem definidas: a estação seca e fria que vai de maio a setembro, e a estação chuvosa e quente que vai de outubro a abril. Sua posição geográfica assegura temperaturas elevadas durante boa parte do ano, devido à forte radiação solar. Porém, nos níveis altimétricos mais elevados as temperaturas são mais amenas. Desta forma, as temperaturas médias máximas e mínimas variam entre 26 e 20ºC. A pluviosidade varia no sentido leste-oeste de 800 mm a 1.600 mm por ano, concentrando-se nos meses de novembro a março. A umidade relativa média do ar é de 70%, sendo a máxima de 80% em dezembro e a mínima de 50% em agosto.




Solos
No Planalto Ocidental predominam Latossolos Amarelos e Vermelho-Amarelos de textura média e Neossolos Quartzarênicos (Areias Quartzosas). Nos vales dos rios e veredas, são encontrados principalmente Gleissolos e Organossolos. Esses solos apresentam baixa fertilidade natural, tendo o relevo plano como principal vantagem ao uso agrícola. Entretanto a preseça das Areias Quartzosas é responsável pela intensa atividade de mineração de areia do Rio São Francisco, gerando um grave quadro de assoreamento.
Solo Arenoso na margem do rio

Nas planícies são encontrados Latossolos, Argissolos, Neossolos Quartzarênicos e, com menos freqüência, Luvissolos e Planossolos. A grande variação de solos nessa região se deve a variação do material geológico original. Nessa região são encontrados solos com alta e com baixa fertilidade natural. Nas serras e incelbergs predominam os Neossolos Litólicos (Solos Litólicos), que são solos rasos e muito susceptíveis à erosão, devido ao alto índice de declividade.










Fonte:

http://www.bndes.cnpm.embrapa.br/textos/relevo.htm
http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/geomorfologia/geomorfologia.php