quarta-feira, 13 de outubro de 2010

A Verdadeira historia do Rio São Francisco


O São Francisco como qualquer rio desperta na comunidade ribeirinha os mais profundos sentimentos afetivos, exercendo enorme influencia sobre o imaginário das pessoas, criando as mais diversas lendas e mitos, firmando por conseqüência a identidade cultural desse povo. Assim justifico a postagem de uma pequena seqüência de mitos e lendas que permeiam nas comunidades que vivem a margem do Velho Chico.

A Lenda da Origem do Rio

Vivia os índios, nos chapadões, em várias tribos felizes. Entre esses estava uma linda mulher, a doce Iati. Era noiva de um forte guerreiro, quando houve uma guerra nas terras do norte e todos os guerreiros se foram para a luta. Eles eram tantos que os seus passos afundaram a terra formando um grande sulco. Entre eles se foi o noivo da formosa índia que tomada de saudades pelo seu amado chorou copiosamente. Suas lágrimas foram tantas que escorreram pelo chapadão despencando do alto da serra formando uma linda cascata, e caindo no sulco criado pelos passos dos Guerreiros, escorreram para o norte e lá muito longe se derramou no oceano, e assim se formou o rio São Francisco.


O Rio Dorme

Há uma lenda em todo o Médio São Francisco sobre o sono do rio. A meia noite as águas adormecem, o rio se aquieta por alguns minutos, e todos os seres de suas águas adormecem. Nesses poucos momentos não se pode despertá-los, pois acordados as águas se enfurecem virando as canoas e inundando as terras. Não se deve, portanto desrespeitar o leve sono das águas. Quando o rio dorme as almas dos afogados se dirigem para as estrelas, a mãe d'água sai e se senta nas pedras no meio do rio e enxuga os longos cabelos, os peixes param no fundo do rio, as cobras perdem o veneno. Se alguém despertar as águas ficam tulmutuadas e bóiam todos os cadáveres dos afogados e não há quem possa navegar.




O Nego D’água ou Caboclo D’água

Há quem afirme de viva voz que já viu aquela figurinha atarracada de cabeça grande e olho no meio da testa. O "nego d'água" que habita nos locais dos rochedos do meio do rio, como também escava suas covas na base do barranco da beira do rio, o que provoca tombamento do mesmo. Para afugentá-lo desses locais que terminava alargando o rio, os beiradeiros jogam nesse ponto cacos de vidro, que amedrontam o caboclo d'água. Apesar de viver também fora d'água ele nunca se afasta muito da beira do rio. Quando não gosta de um pescador, afugenta os peixes, tange-os para longe da rede de pesca. Como a caipora, adora fumo, costume que faz com que os pescadores atirem fumo a água para cair nas graças do negrinho que gosta desse agrado, costuma aparecer nas casas de farinha das ilhas ou dos barrancos e noite de farinhada, comumente depois que os trabalhadores se acomodam para dormir, passeando entre os que estão adormecidos, para roubar-lhes fumo ou beiju.
É em personagem encantada transformando-se em outro animal ou objeto. Um pescador contou que pescava a noite quando percebeu um vulto de um animal morto boiando na correnteza. Remou apressadamente em direção ao animal, percebendo ao se aproximar que se tratava de um cavalo, e aí tentou encostar a canoa para verificar a marca ou ferro, para avisar ao dono, quando o animal afundou e logo em seguida, a canoa foi sacudida, percebendo o pescador que um nego d'água agarrado à borda da embarcação tentava virá-la.
Nesse instante lembrou-se o pescador que trazia um pequeno pedaço de fumo, que imediatamente atirou para o neguinho que dando cambalhotas, desapareceu no fundo das águas. Alguns dizem que existe apenas um nego d'água em todo o rio, outros dizem que são muitos. O fato é que o nego d'água, povoa a imaginação de todo menino beiradeiro, o que sossega os corações das mães, pois a noite os pequenos só se aproximavam da água acompanhados por adultos.
O fato de ter ficado por longo período isolado desenvolveu, no são franciscano, suas crendices e medos dentro do seu próprio universo. Nada trazido de outras regiões. A maioria dos duendes, bons ou maus, são ligados a água, da qual fazem seu habitat.

Extraido de: http://parlim.blogspot.com/

O Minhocão

O escritor barranqueiro Wilson Lima, assim se refere ao minhocão “O minhocão” ou surubim rei, é o rei do rio, mandando e desmandando em tudo na vontade dos peixes e na vontade das águas. Na opinião de muitos "o minhocão" é um surubim de mais de trezentos anos de idade que perdeu as barbatanas de tão velho, ficou roliço sem escamas e que enfurecido por isso vive fazendo mal, virando embarcações, comendo os outros peixes. Dizem que do minhocão nascem os porcos d'água, monstros das profundezas, muito feios, que têm a frente de porco e o resto do corpo de peixe e que nadam muito, e sob as ordens do minhocão cavam os barrancos fazendo-os tombar e danificam assim as roças de vazante plantadas pelos beiradeiros.

A Pesadeira

Extraido de: http://historianovest.blogspot.com/
Uma mulher com um gorro vermelho na cabeça que se senta no peito daqueles que dormem de papo pro ar. Por isso é que há sempre a recomendação a todos que são estranhos ao vale quando ali chegam são advertidos para não dormir nesta posição, pois a pesadeira virá sentar-se no peito desse desprevenido, mas há uma vantagem, aquele que conseguir tirar ou roubar sua roupa da pesadeira, a torna sua escrava e conseguirá tudo que desejar.
Contam que certo beiradeiro deitou-se para a sesta, quando sentiu o peso da pesadeira sentada em seu peito. Ainda entre dormindo e acordado o sabido estendeu o braço e tirou a touca da pesadeira que satisfez todos os seus desejos; era muito pobre, se tornou o homem mais rico da região.



Fontes: