terça-feira, 9 de novembro de 2010

Vulnerabilidade do Desenvolvimento


Na região Semi-Árida, as precipitações pluviométricas, além de insuficientes, são concentradas e mal distribuídas, apresentando, sistematicamente, épocas de prolongada estiagem. Essas características influíram na geomorfologia atual, conformando solos rasos e esparsos, sendo que aqueles adequados aos cultivos se concentram, na sua maioria, nos vales aluvionais. A cobertura vegetal é a caatinga e o cerrado. Por sua vez, a ocupação e o crescimento populacionais não foram acompanhados por avanços tecnológicos adequados. O espaço disponível para as famílias não permite sua sustentação econômica com a tecnologia adotada, de maneira contínua. A capacidade de suporte da caatinga e do cerrado não é compatível com a população ali residente. O resultado desse desequilíbrio é a agressão ao meio ambiente e o flagelo daquela população.
Os investimentos no Nordeste vêm se caracterizando, desde os tempos remotos, por enfoques setoriais e isolados, o que dificulta a obtenção dos benefícios sociais almejados. Medidas setoriais e pontuais aumentam as diferenças intra e inter-regionais e, a conseqüência tem sido o "inchaço" das zonas urbanas pelas populações pobres de áreas não assistidas da zona rural, em épocas de estiagem.
Alavancar o progresso, tendo como base de apoio a geração de empregos, através de políticas incentivadoras ao fortalecimento industrial e, posteriormente, com a implantação da agricultura irrigada em áreas selecionadas no Semi-Árido, mostrou resultados limitados. Nem mesmo a implantação de açudes por todo o sertão tem sido a solução definitiva. Essa metodologia setorial, baseada na hipótese do surgimento espontâneo de ações complementares à ação principal, não tem sido confirmada pela história, pois o somatório dos efeitos isolados não dá a dimensão esperada do impacto global da implementação simultânea de ações selecionadas.
A limitação dos recursos disponíveis requer ação conjunta e criteriosa, passando pela hierarquização das regiões a serem modificadas e não pelos setores a serem privilegiados. A principal justificativa disto é que o homem do campo necessita de apoio, através de ações globais e integradas. Há que se propiciar todas as condições identificadas como necessárias, para se esperar o desenvolvimento sustentável regional.
A despeito da boa performance econômica apresentada nas últimas décadas, o Nordeste continua padecendo de sérias vulnerabilidades de natureza geoambiental, econômico-social, científico-tecnológica e político-institucional, que poderão vir a comprometer, no futuro, a já precária sustentabilidade do desenvolvimento da região. Algumas dessas vulnerabilidades, que se manifestam secularmente (é o caso das secas), agravaram-se com a forma como se deu a ocupação demográfica e produtiva do vasto interior Semi-Árido da região, com sérias sobrecargas a seu frágil meio ambiente e a base de recursos naturais relativamente pobre. Outras, de natureza mais econômico-social, tomaram, com a evolução do desenvolvimento recente da região, rumos que acentuaram suas tendências desestabilizantes e desequilíbrios.
Avaliadas em seu conjunto, essas vulnerabilidades constituem uma ameaça latente à sua trajetória de desenvolvimento, mesmo que, tendencialmente, a região venha a apresentar nas próximas duas décadas, como nos anos 70, elevadas taxas de crescimento e importantes melhorias nas condições de vida e bem-estar de seu povo - acompanhando trajetória semelhante à que se almeja para o País como um todo.


Fonte:
http://www.valedosaofrancisco.com.br/MeioAmbiente/Vulnerabilidade.asp

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